Francisco Xavier nasceu no castelo solar da família Aguares e Javier em Xavier no Reino de Navarra na península Ibérica em 7 de Abril de 1506, segundo o registro mantido pela sua família, pelo nome de Francisco de Jasso Azpilicueta Atondoy Aznáres.
Era o mais novo de 3 irmãos filhos de Juan de Jasso, ministro de finanças da corte do Rei João III de Navarra, e de Maria Azpilcueta y Aznárez, única herdeira de duas famílias nobres bascas de Navarra, portanto senhora dos palácios e vilas de Azpilcueta e de Xavier.
O seu nome é corretamente escrito Francisco de Xavier e não Francisco Xavier, devido o nome da terra da qual a família é originária.
Em 1512 as tropas castelhanas e aragonesas, comandadas por Fadrique Álvares de Toledo, segundo Duque de Alba, atacaram o Reino de Navarra e a família de Francisco estava do lado da resistência ao invasor estrangeiro, a conquista só se consolidou em 1515, nessa época Francisco já estava com 8 anos.
Miguel e João, irmãos de Francisco, participaram de uma tentativa de reconquista franco-navarra em 1516 e a muralha, portões e, duas torres do castelo da família foram destruídos. O fosso foi tapado, a altura da torre de menagem reduzida pela a metade, as propriedades da família foram confiscadas sendo poupada apenas a residência dentro do castelo. Os dois irmãos dele foram presos nas masmorras e condenados à morte mas, conseguiram uma anistia sendo assim libertados.
Durante todo este período, Francisco não se encontrava em casa pois, aos 7 anos sua família o enviou para estudar em Gandia na Espanha. Seu pai perdeu o emprego, adoeceu e faleceu quando ele tinha 9 anos, e sua mãe, apesar das boas universidades castelhanas, não desejava instrui-lo nas escolas do invasor o enviando para universidades estrangeiras.
Assim, aos 14 anos foi estudar no Colégio de Santa Bárbara, em Paris, dirigido pelo português Diogo de Gouveia. Lá, concluiu seus estudos em filosofia, literatura e humanidades, aprendeu a dominar as línguas francesa, italiana e alemã e, tornou- se professor de filosofia do Colégio de Beauvais.
Consta que por ser um rapaz muito inteligente, sociável e bonito fez grande sucesso entre os colegas. Inclusive há relatos de que fora campeão do salto em altura em uma competição na ilha do rio Sena.
Vaidoso, buscava a glória de si, neste período conheceu Inácio de Loyola que já sonhava em formar uma companhia de apóstolos para a defesa e propagação do cristianismo.
No inicio a relação dos dois não foi fácil pois tinham objetivos diferentes, mas Inácio convenceu Francisco com a seguinte frase: " De que vale um homem ganhar o mundo inteiro se perder sus alma?" ( Mc 8, 36).
Esta frase Francisco de Xavier adotou como lema.
Francisco aceitou participar de exercícios espirituais orientados por Inácio de Loyola e depois tornou-se um dos cofundadores da Companhia de Jesus.
No dia 15 de agosto de 1534 Inácio de Loyola, Francisco de Xavier, Pedro Fabro, Alfonso Salmeron, Diego Laynez, Nicolau Bobedilla e Simão Rodrigues fizeram votos de castidade e pobreza na Capela de Saint-Denis, em Momtmartre, em Paris, colocando-se a disposição do Papa. Desse modo estava fundando, ainda sem saber, a Companhia de Jesus, Congregação religiosa destinada ao ensino,à conversão e à caridade.
O grupo partiu para Veneza com o objetivo de alcançar a Terra Santa foi quando em 24 de Junho de 1537, Francisco foi ordenado padre. Em virtude da guerra entre turcos e venezuelanos não conseguiram alcançar o objetivo desejado e partiram para Roma onde Francisco serviu por um breve período e, sentiu-se muito abalado pela conquista do Reino de Navarra pelo o Reino de Castela.
Nessa época o Rei de Portugal, D João III, por meio do seu embaixador Pedro Mascarenhas fez sucessivos apelos ao Papa Paulo III para que este lhe enviasse missionários para espalhar a fé cristã pelos territórios descobertos pelos portugueses. Então, o diretor do Colégio de Santa Bárbara, Diogo Gouveia, aconselhou ao Rei a chamar os jovens cultos e inteligentes da Companhia de Jesus.
Inácio de Loyola escolheu Simão Rodrigues e Nicolau Babadilla para essa missão, mas Bobadilla ficou doente e Francisco o substituiu chegando a Portugal em 1540.
No ano seguinte Francisco de Xavier partiu para Lisboa e um ano depois para a Índia acompanhado de Francisco de Mansila e Paulo Camarate. A 7 de abril, a bordo da nau de Santiago, uma das cinco naus da frota comandada por Martim afonso de Sousa, que ia tomar posse do cargo de governador na Índia.
Em agosto ancoraram em Moçambique e os ventos adversos impediram a continuação regular da viagem ficando ali durante 9 meses. Durante este tempo Francisco dedicou-se ao auxilio e tratamento dos doentes. Voltando ao mar, a nau voltou a aportar em Melinde onde Francisco conseguiu converter alguns africanos e desejando ali permanecer mas, não conseguiu a autorização de Martim afonso de Sousa por essa ser uma decisão contraria às instruções do Rei.
Em 6 de Maio de 1542 a nau Santiago ancorou em Goa, a então capital do Estado Português da Índia. Afirma-se em algumas cartas a Inácio de Loyola que Francisco teria ficado entusiasmado com a quantidade de indianos que falavam português e com a quantidade de igrejas e convertidos embora muitos ainda praticavam paralelamente cultos hindus e que muitos portugueses também davam maus exemplos defendendo cristãs mas, não as praticando. Decidiu assim a estrategia de reencaminhar os portugueses para a verdadeira fé, tendo só posteriormente iniciado o seu trabalho de conversão aos hindus.
Dedicou-se primeiramente as crianças depois aos adultos e, todo o tempo que lhe sobrava era dedicado a visitar as prisões, tratar dos doentes no Hospital Real e dos leprosos no Hospital de São Lázaro. Nessa época começou a escrever um catecismo (instrução religiosa) que foi traduzido para várias linguás asiáticas.
PRIMEIRA AÇÃO MISSIONÁRIA
Francisco partiu a 20 de setembro de 1543, para a costa chamada pelos portugueses de " Costa de Pescaria", Sul da Índia, a norte do Cabo Comorim território dos paravás, para a sua primeira ação missionária.
Nesta região, a prática da pesca era muito popular mas, não era bem vista pela religião hindu que reprova a morte de animais. Portanto, os pescadores foram muito receptivos a religião cristã cujo primeiros apóstolos eram pescadores de peixes tornados pescadores de homens.
Francisco viveu numa gruta nas rochas próximas ao mar em Manapad, catequizando as crianças paravás intensivamente durante 3 meses em 1544. Depois concentrou-se em converter o Rei de Travancore ao cristianismo, visitou o Ceilão (atual Sri Lanka) mas, insatisfeito com os seus resultados partiu para o oriente em 1545 planejando uma viagem missionária a Macáçar na ilha de Celebes, atual Indonésia. Alguns paravás o acompanharam até Goa e ficaram estudando no seminário tornando-se assim missionários.
Sendo o primeiro jesuíta na Índia, Francisco cometeu alguns erros resultando assim com que suas missões não fossem mais bem sucedidas. Não respeitando a religião hindu, não tentou fazer a transição dessa para o Cristianismo de forma gradual, tentando fazer uma uma conversão demasiado rápida e brusca. Procurou converter os pobres diretamente como fez Jesus Cristo dessa forma os de classe alta os ignoraram.
Em outubro aportou em Malaca e, em 1 de Janeiro de 1546 foi às ilhas de Amboína ficando lá até Junho. Visitou outras ilhas Molucas incluindo Ternate e Morotai.
Após a Páscoa de 1546, regressou para as ilhas Amboína e depois para Malaca. Neste período Francisco escreveu sua frustração pela elite de Goa ao Rei de Portugal, Dom João III e pedindo que fosse instalada em Goa uma Inquisição mas, seu pedido não foi aceito.
O trabalho de Francisco de Xavier inaugurou mudanças permanentes nas ilhas que configuram a Indonésia Oriental onde ficou conhecido com o " Apóstolo das Índias". Batizou milhares de pessoas e depois que partiu dessa região, o seu trabalho foi continuado por outros multiplicando o números de católicos ao passar dos anos.
Em dezembro de 1547 Francisco conheceu em Malaca o aventureiro e futuro escrivão Fernão Mendes Pinto, que trazia consigo um nobre japonês de nome Angiró, natural de Cagoxima.
Angiró era samurai e havia sido acusado de assassinato e fugiu do Japão com o proposito de conhecer Francisco. Abriu seu coração a Francisco confessando-lhe a vida que levara até ali, mas também os costumes e cultura da sua amada terra natal.
Angiró foi batizado por Francisco de Xavier e adotou o nome português de Paulo de Santa Fé, tornaria-se o mediador e tradutor para uma missão ao Japão que assim se tornava cada vez mais próxima da realidade.
Regressando a Índia em Janeiro de 1548 ficou 15 meses tomando medidas administrativas devido ao que considerou um estilo de vida não cristão por parte de muitos portugueses que lhe impediam o trabalho missionário. Em 15 de abril de 1549 partiu para Malaca e, visitou Cantão na China acompanhado por Angiró e pelo padre Cosme Torres, o irmão João Fernandes e por outros dois japoneses que estudaram em Goa para servirem de interpretes. Levou consigo inúmeros presentes para o "rei do Japão" com a intenção de apresentar-se como representante da cristandade.
Chegaram ao Japão em 27 de julho de 1549, mas só receberam autorização para aportar em Kagoshima em 15 de agosto. Foram recebidos amigavelmente no principal porto da província de Satsuma, na ilha de Kiushu e ficou hospedado pela família de Angiró até outubro de 1550.
Entre outubro e dezembro do mesmo ano residiu em Yamaguchi. Pouco antes do Natal foi para Quioto, mas não conseguiu autorização para visitar o imperador. Regressou para Yamaguchi em março de 1551, onde o dáimio (um poderoso senhor de terras) daquela província, o autorizou a pregar.
Faltando a fluência na língua japonesa, limitou-se a ler alto a tradução do catecismo feita com Angiró.
Francisco teve um forte impacto no Japão. tendo sido o primeiro jesuíta a lá ir em missão. Ele levou pinturas da Virgem Maria e da Virgem com Jesus e estas pinturas o ajudaram a explicar o cristianismo aos japoneses, já que a barreira de comunicação era enorme.
Os japoneses não se revelaram pessoas facilmente conversíveis. Muitos eram budistas e Francisco teve dificuldade em explicar-lhes um conceito de Deus segundo o qual Deus criara tudo o que existe. Aos seus olhos Deus seria responsável também pelo mal e pelo pecado, o que para os japoneses uma ação incompreensível da parte de Deus. O conceito de inferno também não foi fácil de explicar. Apesar das diferenças religiosas Francisco sentiu que os japoneses eram um povo bom como os povos europeus e que por isso poderiam ser convertidos.
Xavier foi bem acolhido pelos monges da escola de Shingon por ter usado a palavra " Dainichi" para descrever o Deus Cristão. Depois de aprender mais sobre as nuances da palavra, Francisco passou a usar a palavra "Deusu" a partir de então os monges perceberam que ele pregava uma religião rival. Mas Francisco sempre respeitou o povo que o acolheu, aprendeu japonês e acompanhando a cultura local tendo chegado até a vestir-se com trajes japoneses, tudo para melhor aceite.
Com o passar do tempo a missão de Francisco de Xavier no Japão foi considerada muito frutuosa, conseguindo estabelecer congregações em Hirado, Yamaguchi e Bungo. Ele continuou lá por mais dois anos escreveu um livro em japonês sobre a criação do mundo e a vida de Cristo, até achegada dos jesuítas que o foram suceder.
Então decidiu regressar a Índia, e uma tempestade os forçou a parar numa ilha perto de Cantão, na China. Encontraram o rico mercador Diogo Pereira que lhe mostra uma carta proveniente de portugueses mantidos prisioneiros em Cantão, pedindo um embaixador português que interceda a seu favor junto do Imperador.
Durante a viagem voltaram novamente a Malaca em 27 de Dezembro de 1551, depois regressaram a Goa em Janeiro de 1552.
Em Abril do mesmo ano partiu com Diogo Pereira a bordo da nau Santa Cruz a caminho da China e apresentou-se como representante da cristandade e Diogo Pereira como embaixador de Rei de Portugal esquecendo das suas certidões que o confirmavam como representante da Igreja Católica na Ásia.
Voltando a Malaca, Francisco é confrontado pelo Capitão Álvaro de Ataíde de Gama que tinha agora o controle total do porto e se recusa a reconhece-lo como representante da Igreja Católica e exige a Pereira que resigne ao seu titulo de embaixador. Foi nomeada uma nova tripulação para a nau e ordenado que os presentes fossem deixados em Malaca.
Voltando a Malaca, Francisco é confrontado pelo Capitão Álvaro de Ataíde de Gama que tinha agora o controle total do porto e se recusa a reconhece-lo como representante da Igreja Católica e exige a Pereira que resigne ao seu titulo de embaixador. Foi nomeada uma nova tripulação para a nau e ordenado que os presentes fossem deixados em Malaca.
Ao voltar para Goa, Xavier logo ocupou-se de enviar para várias regiões da Índia muitos grupos de novos jesuítas com o objetivo de fundarem missões. Ocupou-se também com a direção do Colégio de São Paulo em Goa que formava catequista e padres asiáticos, promovendo ainda a tradução de livros religiosos para as línguas locais.
Apesar das intensas atividades, Francisco de Xavier acalentava o sonho de ir missionar na China, onde era proibida a entrada de estrangeiros. Em 14 de Abril de 1552, convencido de que conseguiria infiltrar-se secretamente e cativar chineses para o cristianismo, desembarcou na ilha de Sanchoão e, quando se encontrava em negociação com um mercador chines para leva-lo consigo foi atacado por febres violentas.
Morte de São Francisco de Xavier
São Francisco de Xavier morreu no dia 3 de Dezembro de 1552 numa humilde esteira de Vimes, abraçado ao crucifixo que o velho amigo Inácio de Loyola havia um dia lhe oferecido.
Primeiro foi sepultado na ilha de Sanchoão, mas em fevereiro de 1553 seus restos mortais foram encontrados incorruptos e foram levados e sepultados temporariamente na Igreja de São Paulo em Malaca. Até hoje, uma campa aberta na Igreja mostra o lugar onde esteve.
Em 15 de abril de 1553, Diogo Pereira foi a Goa e, em 11 de dezembro do mesmo ano removeu o corpo de Xavier que está até hoje na Basílica do Bom Jesus de Goa, onde foi colocado numa caixa de vidro e prata.
A partir de 2 de Dezembro de 1637 se tornou então lugar de peregrinação. Um osso do úmero direito de Xavier foi levado para Macau onde é mantido num relicário de prata. Esta relíquia se destinava ao Japão mas a perseguição religiosa na região levou a que fosse mantido na Igreja da Madre de Deus em Macau cujas ruínas são atualmente conhecidas como Ruínas de São Paulo.
Hoje em dia essa relíquia sagrada de são Francisco de Xavier está mantida na Igreja de São José em Macau.
Desde então foram muitas as Igrejas erguidas em honra de Xavier, muitas delas fundadas por jesuítas.
Francisco foi beatificado pelo Papa Paulo V a 25 de outubro de 1619 e canonizado pelo Papa Gregório XV a 12 de março de 1622 em simultâneo com Inácio de Loyola. E denominado o santo patrono dos missionários tendo seu dia festivo o dia de sua morte, 3 de Dezembro.
Fonte: Google
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